sexta-feira, 6 de março de 2009

Habitáculos_Parque Ibirapuera outubro 2008










Habitáculos

Artistas habitam árvores durante o Planeta no Parque

Quatro artistas e um engenheiro-alpinista se propuseram a morar por 10 dias em algumas árvores do parque do Ibirapuera para experimentar novas formas de coexistência, questionar hábitos de consumo e provar que o ser humano é parte do espaço que habita


Por Thays Prado
Planeta Sustentável

Os funcionários do parque do Ibirapuera logo se acostumaram com os novos habitantes das árvores próximas à Ponte do Sapateiro. Se nos primeiros dias eles olhavam desconfiados para as cinco pessoas que ficavam o tempo todo em cima de galhos, presas por equipamentos de alpinismo, com os quais se locomoviam entre as pequenas plataformas de madeira –, em pouco tempo, seus tímidos “ois” de quando passavam por ali se transformaram em um sonoro e meio selvagem “ô-ôô”, para saudar os moradores do espaço, que respondem com a mesma energia.

“Não estamos incomodando, apenas celebrando experiências e encontros e isso gerou empatia”, diz a artista plástica coordenadora do projeto, Floriana Breyer – a “Flor”. Durante os 10 dias de “Planeta no Parque”, ela, outros três performers – Mavu Tissinin, Carolina Pinzan e Ivana Calado – e um engenheiro e alpinista – o Peetssa – passam o dia habitando a copa de algumas árvores. Por ali, além dos costumeiros visitantes do Ibirapuera, passam as crianças e demais participantes do percurso de Mobilidade do evento e são estimulados a refletir sobre a maneira como ocupam o espaço urbano e lidam com as outras formas de vida da natureza.

A proposta do “Habitáculos” – nome dado a essa mistura de instalação artística, arvorismo, performance e vivência – é “construir estruturas para o corpo habitar”, interagir com o ambiente e experimentar um contato íntimo com a natureza. “Normalmente, entendemos a natureza como algo separado do ser humano. Mas, por mais que nos coloquemos distante dela, o que queremos é sentir que o ser humano é parte do meio ambiente”, comenta Flor.

Durante o dia, os novos habitantes do lugar organizam seu espaço, limpam a casa, fazem acordos de convivência, exploram a vizinhança, se alimentam, cantam, se comunicam entre si e com os animais e sentem o ritmo lento de morar ali. Eles também usam alguns figurinos que lembram árvores e pássaros, por exemplo, e os estimulam a entrar no clima. São o que os artistas chamam de “facilitadores de estado”.

A dieta, leve e nutritiva, é composta por frutas secas, castanhas, grãos, água de coco e açaí. Uma equipe de solo, que apóia os cinco, repõe a comida, quando acaba. Dali do alto, eles só descem mesmo para usar o banheiro.

À noite, alguns voltam para casa para tomar banho e ficar um pouco com a família, mas voltam cedo para a morada temporária. Flor conta que passa até duas noites dormindo nas árvores. Ela diz que, com a alimentação natural e a movimentação durante o dia, a falta do banho não é tão problemática. Além do mais, “precisamos conviver com nossa própria existência, com nosso cheiro, nosso suor... O ideal seria mesmo que o córrego fosse limpo”.

Os animais do local parecem já ter se acostumado à nova vizinhança. Um pica-pau prestativo vai visitá-los todas as noites e um “alma-de-gato” também costuma dar o ar da graça. Para cumprimentar os hospitaleiros pássaros, os artistas inventaram melodias.

No começo, as formigas não foram muito gentis com os recém-chegados e comiam sua comida. Depois de um acordo entre as partes, que determina que elas ganhem um pedacinho de tudo o que esses cinco humanos comem, a paz voltou a reinar entre as árvores.

Durante a noite, é hora de vivenciar o silêncio, só interrompido pelo que elegeram como o auge da madrugada – uma cantoria de um sem fim de pássaros de diferentes espécies às 4 da manhã, anunciando a chegada dos primeiros raios de sol.

Em oito dias, os cinco estão completamente integrados ao novo habitat. “O espaço virou mesmo a nossa casa. Temos uma sensação de afetividade muito grande, expandimos nossa noção de corpo e de espaço e percebemos que a natureza é mais do que terra e solo e cresce em todos os sentidos”, diz Flor, tentando descrever o indescritível.

A experiência têm gerado neles uma vontade de descobrir outras formas de trabalhar e agir no dia-a-dia. “Um jeito que respeite o tempo da vida, o ciclo das coisas, que seja mais orgânico”. Suas noções de consumo também têm sofrido mudanças e as tantas embalagens industrializadas nas cidades parecem cada vez mais desnecessárias. Os cinco também têm descoberto a arquitetura sustentável, que não destrói a natureza, já que faz uso dos próprios galhos das árvores como suportes para as plataformas de descanso e não vai deixar rastros de impactos negativos sobre o local, depois que o Habitáculos terminar – no domingo, último dia do Planeta no Parque.

Flor participa de instalações como essa desde 2004 e procura levar esse estilo natural de viver para a rotina que tem quando está com os dois pés no chão. “Se esse córrego do parque fosse limpo, poderíamos morar aqui para sempre”, diz a artista. Pelo visto, ninguém está muito animado a voltar de vez para casa depois de tanta harmonia, liberdade e paz.

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Os funcionários do parque do Ibirapuera logo se acostumaram com os novos habitantes das árvores próximas à Ponte do Sapateiro. Se nos primeiros dias eles olhavam desconfiados para as cinco pessoas que ficavam o tempo todo em cima de galhos, presas por equipamentos de alpinismo, com os quais se locomoviam entre as pequenas plataformas de madeira –, em pouco tempo, seus tímidos “ois” de quando passavam por ali se transformaram em um sonoro e meio selvagem “ô-ôô”, para saudar os moradores do espaço, que respondem com a mesma energia.

“Não estamos incomodando, apenas celebrando experiências e encontros e isso gerou empatia”, diz a artista plástica coordenadora do projeto, Floriana Breyer – a “Flor”. Durante os 10 dias de “Planeta no Parque”, ela, outros três performers – Mavu Tissinin, Carolina Pinzan e Ivana Calado – e um engenheiro e alpinista – o Peetssa – passam o dia habitando a copa de algumas árvores. Por ali, além dos costumeiros visitantes do Ibirapuera, passam as crianças e demais participantes do percurso de Mobilidade do evento e são estimulados a refletir sobre a maneira como ocupam o espaço urbano e lidam com as outras formas de vida da natureza.

A proposta do “Habitáculos” – nome dado a essa mistura de instalação artística, arvorismo, performance e vivência – é “construir estruturas para o corpo habitar”, interagir com o ambiente e experimentar um contato íntimo com a natureza. “Normalmente, entendemos a natureza como algo separado do ser humano. Mas, por mais que nos coloquemos distante dela, o que queremos é sentir que o ser humano é parte do meio ambiente”, comenta Flor.

Durante o dia, os novos habitantes do lugar organizam seu espaço, limpam a casa, fazem acordos de convivência, exploram a vizinhança, se alimentam, cantam, se comunicam entre si e com os animais e sentem o ritmo lento de morar ali. Eles também usam alguns figurinos que lembram árvores e pássaros, por exemplo, e os estimulam a entrar no clima. São o que os artistas chamam de “facilitadores de estado”.

A dieta, leve e nutritiva, é composta por frutas secas, castanhas, grãos, água de coco e açaí. Uma equipe de solo, que apóia os cinco, repõe a comida, quando acaba. Dali do alto, eles só descem mesmo para usar o banheiro.

À noite, alguns voltam para casa para tomar banho e ficar um pouco com a família, mas voltam cedo para a morada temporária. Flor conta que passa até duas noites dormindo nas árvores. Ela diz que, com a alimentação natural e a movimentação durante o dia, a falta do banho não é tão problemática. Além do mais, “precisamos conviver com nossa própria existência, com nosso cheiro, nosso suor... O ideal seria mesmo que o córrego fosse limpo”.

Os animais do local parecem já ter se acostumado à nova vizinhança. Um pica-pau prestativo vai visitá-los todas as noites e um “alma-de-gato” também costuma dar o ar da graça. Para cumprimentar os hospitaleiros pássaros, os artistas inventaram melodias.

No começo, as formigas não foram muito gentis com os recém-chegados e comiam sua comida. Depois de um acordo entre as partes, que determina que elas ganhem um pedacinho de tudo o que esses cinco humanos comem, a paz voltou a reinar entre as árvores.

Durante a noite, é hora de vivenciar o silêncio, só interrompido pelo que elegeram como o auge da madrugada – uma cantoria de um sem fim de pássaros de diferentes espécies às 4 da manhã, anunciando a chegada dos primeiros raios de sol.

Em oito dias, os cinco estão completamente integrados ao novo habitat. “O espaço virou mesmo a nossa casa. Temos uma sensação de afetividade muito grande, expandimos nossa noção de corpo e de espaço e percebemos que a natureza é mais do que terra e solo e cresce em todos os sentidos”, diz Flor, tentando descrever o indescritível.

A experiência têm gerado neles uma vontade de descobrir outras formas de trabalhar e agir no dia-a-dia. “Um jeito que respeite o tempo da vida, o ciclo das coisas, que seja mais orgânico”. Suas noções de consumo também têm sofrido mudanças e as tantas embalagens industrializadas nas cidades parecem cada vez mais desnecessárias. Os cinco também têm descoberto a arquitetura sustentável, que não destrói a natureza, já que faz uso dos próprios galhos das árvores como suportes para as plataformas de descanso e não vai deixar rastros de impactos negativos sobre o local, depois que o Habitáculos terminar – no domingo, último dia do Planeta no Parque.

Flor participa de instalações como essa desde 2004 e procura levar esse estilo natural de viver para a rotina que tem quando está com os dois pés no chão. “Se esse córrego do parque fosse limpo, poderíamos morar aqui para sempre”, diz a artista. Pelo visto, ninguém está muito animado a voltar de vez para casa depois de tanta harmonia, liberdade e paz.

sexta-feira, 21 de março de 2008

De Eiras em Beiras_Ecovila Terra Una, 2008.



O projeto consistiu em encontrar e ocupar estrutural e afetivamente um espaço na Ecovila Terra Una e, a partir de visitas aos moradores da região, contamina-la da prática do habitar local . A maneira carinhosa de dispor os elementos de uso diário, bem como a simplicidade dos “arranjos mineiros” são emocionantes. Recortes destes detalhes e as plantas medicinais colhidas nas hortas dos anfitriões, juntamente com receitas caseiras dadas boca a boca, configuraram a ocupação afetiva do espaço. A imersão no ambiente natural e o olhar sensível a forma de habitar orgânica revelou uma teia de relações interdependentes, estimulando a criação de uma estrutura geodésica que mimetiza cadeias moleculares e trabalha em conjunto para o equilíbrio e a sustentação. Os bambuzais forneceram o substrato para a ocupação estrutural suspensa.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Pequenos Arranjos


Pequenos Arranjos, performance realizada na exposição e festival de performances Mil971 (http://mil971.wordpress.com/). Vila Madalena, São Paulo, dezembro 2007. Silêncio e movimento. Luz, ar e água. Duas mulheres habitam plataformas suspensas e cordas e buscam vivenciar por dois dias ininterruptos o estado planta, inspiradas nas plantas epífitas.

Small Arrangements_ performance accomplished on the exhibition and performance festival MIL971. Vila Madalena, São Paulo – December of 2007. Silence and movement. Light, air and water. Two women inhabit suspended platforms and ropes in search of living as a plant uninterruptedly for two days, inspired on epiphytes species.

Ribanceira



Ribanceira_ realizado no viaduto Sumaré, São Paulo 2006.
O projeto consiste em construir escadas de corda e ripas de madeiras e colocá-las em declives geográficos. Ribanceira, nasce da observação dos percursos e fluxos da urbes, da procura por caminhos mais humanos que possam ser inventados segundo as necessidades do corpo e as condições ambientais que o local apresenta. Ribanceira oferece um acesso, conexões estabelece. A escala corporal transcende os limites da derme e alcança a escala geográfica uma vez que conecta estas escalas, participando ativamente na construção de um lugar e na criação de sítios de experiência.
Material necessário: pontaletes de madeira e corda.



Cliff_ made in Sumaré Viaduct, São Paulo, 2006.
The project consists of building stairs out of ropes and pieces of wood and placing them on geographic slopes. Cliff arises from the observation of ways and flows that exist on the urbs, about the search for more human paths that can be invented according to the needs of the body and the environmental conditions that the place presents. Cliff offers an access, establishes connections. The human scale transcends the limits of the dermis and reaches geographic scale for it connects both scales, actively participating in the construction of a place and in the creation of experience sites.
Needed material: wood props and rope.

Mórula


Mórula_ realizado no jardim da exposição Convívio, na universidade FAAP, São Paulo, 2005.
Projeto consistui em criar um ambiente que integrasse os elementos da casa, rua e jardim, provocando deslocamentos e pontes entre estas esferas. Refletindo sobre a capacidade de adaptação e do alinhamento deste ser integral que somos, o projeto visa expandir para o ambiente e materializar estes múltiplos sítios fundamentais ao homem: a casa, a rua e a natureza.

Material: material de entulho urbano porta, mala, madeira. Cama, criado mudo. Terra, Grama e regador.

Mórula_ made on the garden of the exhibition Convívio, on FAAP University, São Paulo
The project consisted of creating an environment that integrated the elements that are present in the house, on the street and the garden, provoking displacements and bridges among these spheres. Reflecting on the adaptation ability and on the alignment of this whole being that we are, the project aims at expanding towards the environment and at materializing these multiple sites that are essential to mankind: the house, the street and nature.
Needed material: material collected from urban garbage (door, suitcase, wood). Bed, nightstand. Dirt, grass and watering can.

Projétil para Mundo Novo


Projétil para Mundo Novo _realizado na orla da Barra em Salvador, Bahia, 2004.
Faixa de descalços foi a primeira Experiência Ambiental que realizei, consiste em sobrepor placas de grama às faixas de pedestres, convidando-os a retomar o contato dos pés com o solo em plena urbes. Refletindo sobre a impermeabilização do solo pelo asfalto e da possibilidade de zonas permeáveis na cidade, “Projétil para Mundo Novo” em meio a tantos carros e concreto reinaugura uma via de acesso vital, abre caminhos para repensar a cidade e nossa postura diante do projeto de Mundo que nos é imposto.
Material: placas de grama

Projectile for a New World_ made on Barra Beach in Salvador, Bahia, 2004.
Projectile for a New World was the first Environmental Experience that I have made and it consists of overlapping the crosswalk with pieces of grass, inviting the pedestrians to regain the contact between their feet and the soil in the urbs itself.
Reflecting on the impermeability of the ground that the paving brings and on the possibility of permeable areas in the city Projectile for a New World, in the middle of so many cars and concrete, re-inaugurates a vital way of access and it opens paths for rethinking the city and our attitude facing the project of World that is imposed on us.
Needed material: pieces of grass