sábado, 28 de abril de 2007

Qual espaço eu procuro?

_ Beirais, limítrofes, pontes, espaços relacionais que se inspiram dentro da "gramática da Casa" nas varandas, janelas, portas, alçapões, porões, corredores, jardins, quintais e terraços. Revelam-se dentro da "gramática da Rua" nos muros, terrenos baldios, viadutos, passarelas, faixas de pedestres, praças e canteiros.

A gramática dos espaços revela especificidades, intimidades e padrões de nossa própria cultura brasileira e em outra instância de nossa própria constituição enquanto humanos, descontrui-la a fim de rearranja-la é um exercício minucioso de observação ambiental e pessoal que exige uma gama de ferramentas, que estão em constante processo de descoberta, atualização e mutação. E é na busca por estes espaços que sigo...

Recanto das Crianças_Hector Zamora, São Vicente, SP 2006




Projeto de Hector Zamora para a vigésima sétima Bienal de São Paulo. Detonar uma brincadeira-festa na praia: as pessoas poderiam usar as câmaras de pneus para flutuar e desfrutar de um dia de convivência, construindo uma estrutura flutuante cuja forma seria determinada pelos participantes e influenciada pelas marés e correntes marítimas. Neste projeto fui assistente de Hector, participando desde a procura pelo local adequado à ação propriamente dita tendo ficado responsável por todo registro em foto e vídeo, bem como na edição dos mesmos, em vídeo pode ser visto através do link ao lado “Domingo Flotante” .

Lapinha_RJ, Arcos da Lapa 2007






Ação nos Arcos da lapa, RJ. O projeto se propôs a estabelecer contato direto com a realidade local evidenciando o uso do espaço como moradia e convidando os que ali vivem a experienciar um quarto nos moldes convencionais: cada arco como um cômodo. Projeto de Interferência Ambiental de Floriana Breyer e Mark Dayves durante a
V Bienal de Cultura da Une realizada em janeiro 2007.

Marulho_Lago Ibirapuera 2004







Ação pela limpeza das águas do Lago do Ibirapuera, realizada durante o primeiro EIA, Experiência Imersiva Ambiental, em novembro de 2004. Um agradecimento especial ao marujo Flávio Machado. Cerca de 150 litros de esgoto são jogados no lago por minuto segundo matéria da folha de São Paulo. Esta ação consistiu na entrada no lago com bote inflável e redes de pescas para retirada do lixo que constantemente fica boiando no lago. Uma ação que trabalhou a nível simbólico, fazendo referência ao estado em que se encontram aquelas águas e o descaso das autoridades e da própria população que muitas vezes desconhece as reais condições do lago. Lembrando que milhões foram investidos na recente colocação da fonte colorida. Não haverá projetos mais necessários e urgentes para se investir?

Geometrias Daninhas_Lago Ibirapuera Bienal 2006







Geometrias daninhas

Projeto de Hector Zamora em colaboração com Fernando Limberger e Floriana Breyer apresentado na vigésima sétima Bienal de São Paulo de 2006. Fui assistente do artista nos dois projetos, ambos envolvendo a questão do flutuar. Em Geometrias daninhas a proposta era a implantação de 2220m² de aguapés contidos em 51 estruturas octagonais de tubo PVC, de forma a termos 51 ilhotas flutuantes ao longo do lago. As condições ambientais de um dos mais importantes lagos de São Paulo é lamentável. Dentro do tema desta bienal “Como viver junto” Hector propunha uma discussão ampla e profunda ao redor destas questões, uma vez que o aguapé é ao mesmo tempo que uma planta considerada daninha reproduzindo-se rapidamente e podendo tomar o lago, é também uma planta purificadora, funcionando como filtro d´agua. A Autorização para a finalização do projeto foi cancelada quando todas as estruturas já estavam postas no lago e os água pés estavam sendo trasportados ao Parque do Ibirapuera. Acima podem ser vistas fotos da montagem das estruturas e ao lado dois vídeos referentes ao projeto: geometrias daninhas e geometrias silenciosas, o primeiro trata do processo no lago do Ibirapuera o segundo surge na visita que fizemos ao lago de onde haviam sido retirados os águas-pés.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Murulho I_São Paulo novembro 2004




Uma estrutura que toca o espaço, suporta o peso de um homem e está passível de desaparecer a qualquer instante. O tempo de um sonho, sonhado junto. Um lapso impresso no Mundo.

“Ancestrais desejos nômades irrompem” , é preciso ocupar, percorrer, derivar, marulhar. O teto ultrapassa os limites da casa, do ateliê e descobre-se céu. O corpo expande e descobre–se célula, partícula de um organismo maior, transpessoal, interdependente. A cidade como morada, a morada enquanto corpo.

Murulhos constituem novas territorialidades, inauguram acessos. Estruturas que inscrevem outros tempos, que convidam à experimentação, dialogam com o ambiente que as circunda; estando sua potência nos usos latentes possíveis. Locais de silêncio, plataformas de convívio, de respiro, de descanso.

Este foi o primeiro Murulho ele foi colocado numa praça em frente a ponte Casa Verde, à beira da Marginal Tietê em São Paulo capital. Ali ficou por 7 meses.

Murulho
This is a work in progress that consists of occupying spaces in a structural and affective manner. This occupation arises from an attentive familiarity with the given space and a study of the living practices around it. The objective is to build a space that offers a possibility of human access and integration with nature, in a way that the person has to displace himself in order to access it. The artist has already built two tree houses in public squares in two large urban areas: São Paulo e Salvador. A project that can be enjoyed by anyone that may feel invited to enter this space.

Murulho II_Salvador junho 2005





um ano depois

Este foi o segundo Murulho em junho de 2005 na cidade de Salvador em meio a viadutos na Fonte Nova. É um trabalho em andamento em vários sentidos, uma vez que mais Murulhos serão inscritos no mundo e que cada um deles têm uma história silenciosa, as vezes registrada nas paredes dos mesmos ou selada em encontros que ali se deram. Escolhi respeitar este tempo, este silêncio, estes segredos íntimos de cada Murulho decidindo não registrar em vídeo os desbobramentos que se seguiram a sua colocação.

Casa Lambida_São Paulo junho 2006









Projeto de intervenção urbana na rampas antimendigo da Avenida Paulista. 20 metros de lambe lambe. Lambe lambe como ferramenta poética, estética, ética. Utilizando-se de um equipamento público: a rampa anti mendigo inaugura-se um espaço fisico e crítico à politica higienista vigente (pra ver o video clique na janelinha o lado com titulo casa lambida).



Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada.

Ninguém podia entrar nela não
Por que na casa não tinha chão
Ninguém podia deitar na rede
Por que na casa não tinha parede

Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali

Mas era feita com muito esmero
Na Av. Paulista n° 0.